quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Os 99 anos e o Cruzeiro de Tostão e Machado de Assis

Arte: Toque de classe
Alfarrábios e documentos históricos dão conta que o nome Cruzeiro, para a nossa moeda, foi dado pelo grande escritor, jornalista, poeta e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Machado de Assis.

Tal "prova" é de 1889, uma crônica publicada no jornal Gazeta de Notícias, que circulou no Rio de Janeiro, de 1875 a 1942:


"Tem a Inglaterra a sua libra, a França o seu franco, os Estados Unidos o seu dólar, por que não teríamos nós nossa moeda batizada? Em vez de designá-la por um número, e por um número ideal — vinte mil-réis — Por que lhe não poremos um nome — cruzeiro — por exemplo? Cruzeiro não é pior que outros, e tem a vantagem de ser nome e de ser nosso. Imagino até o desenho da moeda; e de um lado a efígie imperial, do outro a constelação... Um cruzeiro, cinco cruzeiros, vinte cruzeiros. Os nossos maiores tinham os dobrões, os patacões, os cruzados, etc., tudo isto era moeda tangível; mas vinte mil-réis... Que são vinte mil-réis? Enfim, isto já me vai cheirando a neologismo. Outro ofício."

Machado de Assis morreu em 1908, aos 69 anos, e, evidentemente, não viu seu "desejo" virar realidade em três etapas distintas: de 05/10/1942 a 12/02/1967, período correspondente ao Governo Getúlio Vargas até o de Castelo Branco; 15/05/1970 a 27/02/1986, durante o Governo Médici ao Sarney; 16/03/1990 a 31/07/1993, nas épocas de Collor a Itamar Franco.

Ao longo dessas etapas, foram realizadas algumas mudanças, ajustes para fortalecer a moeda. Ela ganhou sobrenome, passou a ser Cruzeiro Novo, Cruzeiro Real, até ser superada pelo Real, de Fernando Henrique Cardoso, que sobrevive até os nossos dias.

No mundo da comunicação tivemos a revista O Cruzeiro, que ganhou as bancas de 1928 a 1975, fundada pelo jornalista e precursor da TV no Brasil, Assis Chateaubriand, também responsável pelo Grupo Diários Associados, algo próximo do que é o Grupo Silvio Santos.

Nela, encontrávamos textos dos mais diversos, sobre futebol inclusive, num tempo em que escrevíamos farmácia com "ph".

Já no campo de futebol, o Cruzeiro, então Palestra Itália, que hoje completa 99 anos, ganhou notoriedade com um tal Tostão - que ao contrário do que falam, vale muito mais que o Cruzeiro ou o Real -, que ergueu a Jules Rimet, no México, quando conquistou a Copa do Mundo de 70, com a Seleção Brasileira, que também tinha Piazza, Fontana e um magnífico Pelé.

Hoje, o Cruzeiro Esporte Clube, vive em dias do Cruzeiro moeda, que requer atenção e precisa remodelar, para manter a agremiação forte.

O Cruzeiro que Machado de Assis sonhou foi importante, marcou época, mas apresentou falhas, ao ponto de trocar de nome, de ideia.

Ao Cruzeiro, clube de futebol, não pode haver contentamento, ainda mais em tempos de crise.

O momento é o de preservar a ideia e a lembrança da moeda, para crescer e se firmar no alto, como o Cruzeiro do Sul, que embeleza o céu e nos orienta durante a noite e é parte marcante na bandeira do Brasil.

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